sábado, 4 de março de 2006

Verborragia II

A palavra renova-se na dialética cotidiana,
Primeiro o dia, depois a noite,
Luz e sombra.
Alternando-se na corrente verbal.

Neste fluxo incessante, revive-se
a inutilidade da palavra repetida.
Seu transbordar sem sentido
e seu motivo sem razão
perpetuando a vazante coloquial.

Como se a abundância tivesse
o poder de mudar o sentido do rio
E a nascente inverter o efeito do frio
que minha alma enrijece.

Na palavra, o excesso
No excesso, a falta.
No afago, um adeus,
No adeus, até breve.
No que é breve, eternidade.

De eterno resta o despropósito
do discurso que sobra.
O ruge-ruge do gramofone
insistentemente repetido.

(Não deveria ele estar
no passado esquecido?)

11.02.2006 Revisto em 17.04.2006

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