quinta-feira, 29 de dezembro de 2005

Doce Ilusão

Sou louco, pois vendei meus olhos e iludi meu coração.
Tranquei no porão de minh’alma os fantasmas de minha vida, mas eles fugiram e emergiram na superfície da razão.
Oh! Doce Ilusão, doce é teu aroma, mas amargo é o teu sabor, por que me abandonaste?
Mas não me abandonou, teve que partir. Chega um dia em que a venda cai, a ilusão se vai e o coração se desfaz.
Ai só a angústia, a tristeza, a solidão, a desilusão...
Oh! Desilusão, companheira maldita, por que me persegues?
Sei, fui eu quem te buscou, te fortaleceu, sou seu criador.
Pior, me enganei, me iludi, te chamei e somente eu posso te expulsar, mas como eu não sei.Só sei que me atormenta, me persegue, maldita, por quê te aceitei?

Metamorfose


Já não sei quem sou, quem era e quem serei.
Sou um estranho deliciando-se na descoberta de si mesmo.
Fugi dos rótulos e os rótulos me fugiram incontinente.
Sou rocha sob a ação do escultor exigente
Que molda no rígido mineral sua idéia antropológica.
Sou água adaptando-se ao relevo insipiente
e cravando seu caminho entre as montanhas altivas.
Já não sei mais quem sou, quem era e quem serei.
Pois sou como o tempo, novo a cada segundo.

Noite Escura

Caminho pela noite escura, sem estrelas e sem lua.
Somente luzes de algumas habitações iluminam aqui e ali.
E eu vago, pelas vielas vazias e sombrias.
Sentindo o vazio dos rostos que se foram e dos nomes que se apagaram, e voaram.
Para bem longe dos olhos, mas muito perto do coração, e então.
Vago pelas vielas vazias e sombrias.
Na esperança de reavivar os rostos e relembrar os nomes que voaram para muito além do horizonte, e que levaram consigo meu coração.

sábado, 26 de novembro de 2005

Tenho saudades daqueles beijos apaixonados
Que nunca trocamos.

Tenho saudade das carícias ardentes
Que nunca nos demos.

Daquele olhar que ao longe busco,
Mas que nunca encontro

Daquele sorriso que me acalma
E sempre me foge.

Tenho saudade daquele amor que nunca vivemos
Das horas agradáveis que nunca passamos
E até da Dor de nunca tê-lo perdido.
É tinha razão! Parece que te vejo melhor sem a paixão. Triste fim para o tesão insatisfeito. Triste fim para a paixão interrompida.

Pena! Podia ser diferente. Quente. Ardente. Bastava deixar a emoção fluir. Decidir o trajeto e segui-lo.

Enfim, a paixão ruiu. Que restou? Amizade?!? Talvez...

Veremos o que nutria a procura insana de nós dois.

Paixão. Tesão. Amor. Amizade. Que importa? O importante agora é o recomeço da história inconclusa. O reescrever das páginas virgens da história que impediu de ser contada.

Afinal, os personagens mudaram... Mas a história continua.
Sou como uma nau sem rumo viajando em seus verdes olhos.
Hipnotizado pelo melodioso som de sua voz.
Arrebatado às profundezas de sua alma.
Escravizado por seu mágico sorriso.

Temo e desejo o encantamento que me arrebata
Os sentidos e me rouba a razão.
Esta mesma razão. Meu refúgio e cativeiro.
Meu oásis bendito e meu deserto escaldante.

Entrego-me e resisto à paixão que se insinua
Sedutoramente ameaçadora.
Encantadoramente perigosa.
Desgraçadamente esperançosa.

Luto pelo concreto do imaginário
Mas vivo a irrealidade asfixiante.
Percebendo sonhos e fatos
Mas fugindo destes até que me alcancem mais além.

Memórias de um dia ensolarado

Os pássaros gorjeiam na janela
Acordei sem saudades de você.
E o céu já não é cinza
Quando sonhava com teus beijos, teu cheiro
O manto escuro cobria meus olhos
E teu rosto, sem nome, povoava minhas fantasias.
O céu era cinza, o mundo sem cor,
e pálida minha imagem no espelho.
Hoje o céu é azul.
Acordei sem saudade de você.