domingo, 29 de janeiro de 2006

Minh’alma foi presa em teus olhos
Não vejo nada além do que vês,
Não escuto nada além do que escutas,
Não sinto nada além do sentes.

Meu corpo perde-se em teu corpo, pede tua alma
Idealiza teu calor, teu sabor
Indegustável já se faz sentir em minha boca
Etéreo e inconsciente.

És areia em minhas mãos
Ansiosamente retida e desesperadamente perdida.
Pois te desejo e te temo como à vida
Utopicamente vivida por mim.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2006

Verborragia


Se a verdade salva,
Não deve ser a que surge da compreensão
daquilo que foi ou daquilo que ficou.
Ou do discurso incompreensível
sobre a melancolia irresistível
ou da queixa impronunciada.

Se há alguma que salva deve ser
aquela que nasce do insight...
(aquele tapa na cara
do que estava a um palmo do nariz
mas permanecia ignorado)
...da tolice de sermos nós mesmos.

27/01/2006

sexta-feira, 20 de janeiro de 2006



Ouve o barulho da cidade ao longe.
O ruído dos carros; a música pelas janelas;
O burburinho dos transeuntes apressados.
É meio dia, o relógio avança célere.
Ouve as crianças brincando despreocupadas,
Seu alarido junto à praça que as abriga.
Vê a multidão em seu interminável vai-e-vem.
Não vê rostos, são estranhos.
O ignorado homem permanece na calçada incógnito.
Ouve passos, mas só vê sombras...
Dá-se conta de que o mundo é apenas ele mesmo,
Fecha os olhos, ouve o silêncio e vê o vazio.
Carros, crianças, multidão. Nada disso existe.
Apenas o grito impronunciado no peito.
O sol já se esconde no poente.
Finda o dia, mas o dia não aconteceu.
O vai-e-vem cessou e as crianças buscam seu ninho.
Os caminhos estão mudos, as luzes se apagam.
É meia-noite. Ouve o estrondo dos sonhos irrealizáveis.
Mas o relógio avança preguiçoso.