domingo, 28 de setembro de 2008

Inquérito

A cena repete-se frequentemente
E o cotidiano é seu cenário preferencial
Mas sua ausência em meu mundo particular
Leva-me à uma estranha observação:
Cena insólita!
(Apenas a não-familiaridade influencia o julgamento)

Por quê? Sai por entre os lábios quase sem querer.
E a resposta insistente insiste em nada responder.
Resposta correta, pergunta equivocada.
Se é difícil perguntar, mais difícil é saber quando calar.

A criança adquire conhecimento
com seus inquéritos sobre o mundo.
“De onde vêm os bebês?” pergunta o menino curioso.
“Da maternidade.” responde o pai constrangido.
Se a resposta não é certa, tampouco é incorreta.
Apenas a temática é interdita (hipocrisia?)

A criança aprende com o inquérito (Isto é certo!)
Mas cresce ao descobrir
Existem perguntas que não são feitas, apenas aceitas.

26.10.2007

domingo, 21 de setembro de 2008

Sonhos Mórficos


Sob o manto do deus dos sonhos
Passeio por um mundo que me fascina
O perigo me sorri
Brinco com o lobo cinzento, cor da noite
Enquanto fujo da criança feroz.
Se fosse ela aquele infante,
Ou um companheiro seu
Ou um amigo que lhe sucedeu
Que de um sonho mau expulsei
Delirante
Entenderia sua raiva, sua mágoa, sua ira
Entenderia
Se fosse a criança que pereceu
Fora do mundo do deus seu
Esquecida do mandamento
Que alimenta os filhos de Morfeu:
Sonha-te.

set/2008

domingo, 14 de setembro de 2008

Fênix



Tenho saudade de um tempo que não vivi.
No qual o rito demarcava sobremaneira
o momento do nascer e do luto.

Quem quebrou os paradigmas esqueceu-se
de que a dúvida é a essência humana,
e de nossa inabilidade com o intangível.

Afinal, a lápide lisa fora recusada,
e o fantasma retratado indevidamente.
Ofereceram-lhe sobrevida destruidora.

Ressurgido, assombrou aquele
que desejava sepultá-lo
em profunda inconsciência.

Sim, por estranhos ritos catárticos
o exorcismo foi realizado.
Mas a que preço?

Pagarei com a ventura vislumbrada,
e as promessas que me fizeste,
retornando à utópica satisfação fingida?

Não! Renascerei como a fênix,
das cinzas de tua empáfia surda.
Pois, tenho a esperança por vício.

jan/2008

domingo, 7 de setembro de 2008

Declaração de guerra

Hoje quero guerrear.
Declarar fim ao armistício,
Às palavras certas,
Momentos apropriados,

Sim, vou guerrear.
Invadir os sítios protegidos
Por esta mentira
De um bem-querer sem sentido

Se ao terminar estarei ferido
Ou abatido
Ou alçado à campeão da contenda
Ou sem renda que me garanta o sobreviver

Não me importa.
O que te importa?
Atiçaste minha impaciência belicosa
Ignorando nosso acordo de paz.

2006/2008