sexta-feira, 20 de janeiro de 2006



Ouve o barulho da cidade ao longe.
O ruído dos carros; a música pelas janelas;
O burburinho dos transeuntes apressados.
É meio dia, o relógio avança célere.
Ouve as crianças brincando despreocupadas,
Seu alarido junto à praça que as abriga.
Vê a multidão em seu interminável vai-e-vem.
Não vê rostos, são estranhos.
O ignorado homem permanece na calçada incógnito.
Ouve passos, mas só vê sombras...
Dá-se conta de que o mundo é apenas ele mesmo,
Fecha os olhos, ouve o silêncio e vê o vazio.
Carros, crianças, multidão. Nada disso existe.
Apenas o grito impronunciado no peito.
O sol já se esconde no poente.
Finda o dia, mas o dia não aconteceu.
O vai-e-vem cessou e as crianças buscam seu ninho.
Os caminhos estão mudos, as luzes se apagam.
É meia-noite. Ouve o estrondo dos sonhos irrealizáveis.
Mas o relógio avança preguiçoso.

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